A consciência moral é um julgamento da razão pelo qual a pessoa humana reconhece a qualidade moral de um ato concreto.
Para a pessoa que cometeu o mal, a voz de sua consciência é sempre um chamado à conversão e à esperança. É isto sobretudo que nos distingue dos animais; eles não têm consciência do que fazem; não sabem se fizeram o bem ou o mal. O homem, ao contrário, sabe se fez o bem e se alegra; ou sabe que fez o mal e se entristece.
Mas a consciência precisa ser bem formada porque ela está sujeita as influências do meio.
O ser humano para ser feliz deve obedecer sempre ao julgamento certo de sua consciência. Se ele pisar na sua própria consciência, é como se pisasse naquilo de mais nobre que possui. Uma pessoa que decide fazer algo contra a sua consciência peca, assume diante de si mesmo uma grande dívida.
A consciência moral pode está na ignorância ou fazer julgamentos errôneos. Essa ignorância e esses erros nem sempre são isentos de culpa. A Palavra de Deus é luz para nossos passos. É preciso que assimilemos na fé e na oração e a coloquemos em prática. Assim se forma a consciência moral.
O valor do homem está naquilo que ele é. E a grande maravilha do seu ser está na sua “imagem e semelhança” com Deus. Isto é, o homem é rico de “origem”. Todo o universo, incluindo a Terra e a beleza da natureza, é uma manifestação da glória do Senhor onipotente. Contudo, a mais perfeita manifestação do Todo Poderoso é a criatura humana. Cada pessoa, naquilo que ela tem de bom, é uma manifestação da glória e do poder de Deus. Alceu Amoroso Lima dizia que “o homem é a maior das virtualidades vivas”.
Na essência do seu ser o homem herdou do seu Senhor a inteligência, a liberdade, a vontade, a sensibilidade, a consciência… Esses atributos o colocam na posição de “rei” do universo, já que por meio deles submete a si toda a criação. Só ele tem “mãos” e “inteligência”. De todos esses atributos a primazia está com a consciência porque ela é a luz que ilumina e dirige o exercício dos demais talentos. Sem uma consciência reta, uma grande inteligência pode gerar muito mal; sem ela, a liberdade deságua da libertinagem e as demais riquezas inatas no homem podem se corromper.
Ela é o espaço sacrossanto de cada indivíduo, inviolável, onde somente ele pode entrar e “estar a sós” consigo e com o seu Senhor. A Gaudium et Spes, do Vaticano II, ensina que: “Na intimidade da consciência o homem descobre uma lei. Ele não a dá a si mesmo. Mas a ela deve obedecer. Chamando-o sempre a amar o bem e a evitar o mal, no momento oportuno a voz desta lei soa aos ouvidos do coração… É uma lei inscrita por Deus no coração do homem… A consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem onde ele está sozinho com Deus e onde ressoa sua voz.” (GS 16)
Newman, falando da consciência, dizia:
“É a mensageira daquele que, no fundo da natureza bem como no funda da graça, nos fala através de um véu, nos instrui e nos governa. A consciência é o primeiro de todos os vigários de Cristo.”
Santo Agostinho chama-nos a sempre a voltar para ela:
“Volta à tua consciência, interroga-a… Voltai irmãos ao interior, e em tudo o que fizerdes atentai para a testemunha, Deus.” (ep. Jo 8,9)
Por isso, se o homem destruir dentro de si este santuário íntimo e fizer calar a voz nítida desse “silêncio”, pelas motivações exigentes do exterior, ele estará destruindo o que há de mais caro e mais “sagrado” no seu ser. Estará se destruindo naquilo que ele é, no seu “ser’, comprometendo todo o projeto da sua existência.
O mundo jamais poderá ser humano enquanto cada homem não deixar de pisotear a própria consciência. Será inócuo encher as páginas de leis e as prateleiras de códigos, como também será inócuo encher as ruas de policiais, enquanto a humanidade não for chamada a respeitar a própria consciência. Quem deseja reformar o mundo, deve começar pela reforma da própria consciência.
A maior e última de todas as lições que meu pai deixou a nós seus filhos, já no final da sua vida, como que resumindo toda a experiência acumulada, foi esta: “Filho, não faça nada contra a sua consciência! Não compensa!” Jamais esqueci estas palavras! Gostaria de repeti-las milhões de vezes para milhões de pessoas: “não faça nada contra a sua consciência”; não compensa. Nem o dinheiro vil compensa, nem o poder, nem a fama, nem o prazer e nem a glória, pode compensar o massacre da consciência, pois significa o massacre de si mesmo.
E, lamentavelmente, é este triste espetáculo que assistimos hoje: o “massacre da consciência”. Por isso vemos a sociedade esfacelada. Dizia Colbert que “a grandeza de um país não depende da extensão do seu território, mas do caráter do seu povo”.
Esse caráter é o fruto de uma consciência bem formada, que Pascal dizia ser “o melhor livro de moral existente; e aquele que mais devia ser consultado”.
A maior crise da sociedade é a da consciência de cada cidadão, dos governantes e dos governados. Rouba-se, mata-se, corrompe-se, tapeia-se, prostitui-se, engana-se… como se as consciências estivessem mortas, e como se Deus não existisse.
É a grande decadência do homem, “vendendo-se a si mesmo” pelo preço vil da satisfação dos seus baixos instintos.
Urge que se recupere as consciências, formando-as no seio dos lares, nos bancos das igrejas e das escolas, nas ruas e nas praças, nas oficinas e nas fábricas. É preciso dar a elas o referencial absoluto da verdade revelada por Deus, para que elas sejam bem formadas. Para que elas não sejam laxas e nem escrupulosas, terão que se alimentar da Palavra de Deus, “viva, eficaz, penetrante, capaz de separar a alma do espirito, discernindo os pensamentos e sentimentos do coração” (Hb 4,12).
O Catecismo da Igreja ensina que:
“Uma consciência bem formada é reta e verídica. Formula seus julgamentos seguindo a razão de acordo com o bem verdadeiro querido pela sabedoria do Criador. A educação da consciência é indispensável aos seres humanos submetidos a influencias negativas e tentados pelo pecado a preferirem o próprio juízo e a recusar os ensinamentos autorizados… A educação da consciência é uma tarefa de toda a vida… garante a liberdade e gera a paz do coração.
Na formação da consciência, a Palavra de Deus é a luz de nosso caminho; é preciso que a assimilemos na fé e na oração e a coloquemos em prática… É preciso ainda, que examinemos nossa consciência confrontando-nos coma Cruz do Senhor. Somos assistidos pelos dons do Espírito Santo, ajudados pelos testemunhos e conselhos dos outros e guiados pelo ensinamento autorizado da Igreja.” (Cat. §1783-1785).
São Paulo nos adverte de que a Palavra de Deus “é útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra” (II Tim 3,16-17).
Ela é o melhor meio para formar uma consciência reta.
O último Concílio disse que “quanto mais prevalecer a consciência reta, tanto mais as pessoas e os grupos se afastam de um arbítrio e se esforçam por conformar-se ás normas objetivas da moralidade” (GS 16).
Sem as âncoras presas em Deus, no Absoluto, nenhum homem terá uma consiência bem formada. Contudo, há que buscar o Deus único e verdadeiro; não aquele como muitos andam fazendo hoje, criado a seu bel-prazer.
Para que não houvesse dúvida de quem Ele é, Deus se manifestou na plenitude da sua divindade em Jesus Cristo. Ele é a luz da consciência e a salvação do homem.
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