Prof. Dr. Joel Gracioso
Nas Sagradas Escrituras encontramos vários textos que revelam o grande amor de Deus por nós. Em Jr 31,3 lemos: “Eu te amei com amor eterno”. Em Is 54, 10 é dito: “Os montes podem mudar de lugar e as colinas podem abalar-se, mas o meu amor não mudará”. Esses textos nos lembram de como Deus nos ama de forma pessoal e incondicional. Ele é amor e por isso nos ama não pelas nossas qualidades, mas porque é fiel a si mesmo.
O amor de Deus é diferente do amor humano. Nós para amarmos alguém necessitamos de ver algo de bom e de belo na pessoa. A bondade e a beleza que se apresentam na pessoa despertam em nós o amor por ela. Enquanto que Deus nos ama mesmo com os nossos defeitos e limitações, pois Ele não nos ama porque vê algo de bom e belo em nós. Mas, ao contrário, podemos nos tornar bons e belos justamente porque Ele nos ama gratuitamente e de forma incondicional.
Isso, de fato, é uma grande verdade da nossa fé. É o que nos dá esperança e força para continuar caminhando. Porém, hoje em dia parece haver uma certa confusão sobre esse assunto. Muitos cristãos entendem que na medida em que Deus me ama como eu sou. Na medida em que Ele me acolhe e me aceita mesmo com meus pecados e vícios, então eu não preciso me preocupar em mudar de vida. Essa conclusão é falsa.
Realmente Deus nos ama de forma gratuita, mas Ele quer o melhor para nós e sabe que só nos realizaremos profundamente na verdade. Assim, o amor dele é um amor exigente e transformador. Na medida em que vamos descobrindo e experimentando o amor de Deus gratuitamente por nós e em nós, o desejo de santidade e de alegrar o coração de Deus também brota do íntimo do nosso ser.
Desta forma, percebemos que Deus não coloca nenhuma condição para nos amar. Ele nos ama no estado em que nos encontramos. Todavia Ele nos aceita não para continuarmos do mesmo jeito, mas sim para começarmos uma vida nova, na verdade e vontade dele. Ele espera de nós um ato de humildade e arrependimento. Ele sempre nos ama por primeiro gratuitamente, contudo precisamos corresponder à sua graça se quisermos ser salvos. Jesus acolheu a pecadora que queriam apedrejar, mas disse para ela não pecar mais.
Enfim, com certeza Deus nos ama profundamente. Mas nós não podemos usar deste amor como desculpa para continuar tendo uma vida equivocada. Devemos ver o amor do Senhor como uma oportunidade constante para nos arrependermos dos nossos pecados e mudarmos de mentalidade e atitude. O amor sem a verdade é puro sentimentalismo. E a verdade sem amor torna-se um peso insuportável que nos esmaga. Jesus nos ensina que essas duas realidades precisam caminhar juntas.
Para aprofundar:
Bettencourt, Estêvão T. Curso sobre Deus uno e trino. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae.
Papa Bento XVI. Carta Encíclica Deus é amor
…
Todos os direitos do texto é reservado ao Prof. Dr. Joel Gracioso