(Mc 6, 7-13)
Naquele tempo, Jesus chamou os doze e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros. Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura.
Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas. E Jesus disse ainda: “Quando entrardes numa casa, ficai ali até vossa partida. Se em algum lugar não vos receberem, nem quiserem vos escutar, quando sairdes, sacudi a poeira dos pés, como testemunho contra eles!” Então os doze partiram e pregaram que todos se convertessem. Expulsavam muitos demônios e curavam numerosos doentes, ungindo-os com óleo.
Depois de nos indicar o caminho do martírio, o autor da Epístola aos Hebreus põe-nos hoje à entrada do céu, que é o fim com vistas ao qual fomos criados. Para isso, ele estabelece um contraste entre o povo da Antiga Aliança e o da Nova. O primeiro se aproximara do monte Sinai, rodeado de fogo e escuridão, donde Moisés desceu com a Lei ao som da trombeta e daquela voz “tão terrível que os que a ouviram suplicaram que ela não lhes falasse mais” (Hb 12, 18). O segundo, ao qual pertencemos nós, aproximou-se do monte Sião, a cidade do Deus vivo, donde Cristo, assumida a natureza humana, desceu para entregar-nos a Nova Lei do amor e a graça de podermos cumpri-la. O hagiógrafo recorre em seguida a uma série de características que ilustram como é esse monte Sião. Trata-se da “Jerusalém celeste”, ou seja, da Igreja triunfante, habitada em reunião festiva por “milhões de anjos”, e na qual está reunida a “assembleia dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus”, qual cidade santa “de Deus, o Juiz de todos; dos espíritos dos justos, que chegaram à perfeição; de Jesus, mediador da Nova Aliança e da aspersão do sangue mais eloquente do que o de Abel” (Hb 12, 23s). Tudo isso nos remete, naturalmente, àquela visão do Apocalipse, na qual o Apóstolo S. João contemplara a Esposa de Cristo descer do céu — triunfo derradeiro da Santa Igreja —, não pelo acúmulo progressivo de forças e conquistas humanas ao longo da história (cf. Catecismo, § 675), mas pelo poder de Deus onipotente, que no Fim dos Tempos fará a sua Igreja, aparentemente derrotada e abandonada, à imagem de Cristo crucificado, revestir-se de beleza e glória aos olhos de todos. Mas, enquanto não chega esse momento tão aguardado, animemo-nos mutuamente na fé e na esperança, cientes de que, por graça de Deus, temos os nossos nomes escritos no céu e, até a nossa entrada na Jerusalém celeste, o dever de suportar as tribulações desta vida e de suplicar dia e noite a vinda definitiva de Nosso Senhor Jesus Cristo, para que Ele recapitule em si todas as coisas e associe de uma vez para sempre à glória de sua Ressurreição os que já fomos incorporados ao seu Corpo místico. — Vem, Senhor Jesus!
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