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Rugas de uma Conversão

A cada ponto da vida surge uma nova realidade. Que deve estar num viver em Cristo! Pois se perdermos o foco da vida, veremos que o porquê do grande problema dos últimos séculos é a realidade e a fecundidade do seu ser em si, isto é, o por quê vive? Ou no que gastar a vida? Simplesmente não são perguntas relativas, são questionamentos de pessoas que não colocaram um foco na sua vida. Apenas foram vivendo e esqueceram que cada pérola de vida tem um sentido para Deus. Quando chegares, mais suas devastas rugas. 

Não falo de ruga de velhice, mas de ruga enquanto se deu valor à vida dada por Deus, para cada um ser uma válvula propulsaria de salvação, individual e comunitária. Pois é este o verdadeiro sentido dos santos da Igreja: mostrar para o povo que tem salvação e que é possível ser santo hoje na realidade em que vivemos.

Porém somos frágeis, mas fortes, para este mundo de sorrisos e lagrimas, de radicalidade e extremidade. Onde o mais forte sempre vence custe o que custar e o que vale é ganhar. Esta mentalidade extremista dos últimos séculos, nos levou a banalização de Deus e ao esquecimento do sentido da vida.

Saber ver o sentido das rugas em cada filho de Deus é uma dádiva, mas também uma incumbência de todos. Por isso que os santos Padres dizem que a realização da conversão é a partir do momento que acreditamos no filho do filho de Deus. Somos todos portadores de paz e de desordem; porém está no que vivemos em Deus.

As representações de nossas rugas devem ser como altos e baixos de uma luta constante da chegada até Deus! Por fim, falar em balança da vida, não é chamar Deus de olheiro ou de simples condenador. É só colocar em pratos limpos os dons recebidos de Deus, isto é, tudo parte do valor que damos as virtudes recebidas de Deus.

Não basta reconhecer-se fraco perante algumas atividades, mas o quanto você transforma esta fraqueza noutra virtude. Que foi o que São Gregório de Nazianzo fez com sua fraqueza quando percebeu que seria colocado na balança de Deus, lutou pelas causas impossíveis de sua época, a lepra; foi uma transformação de um mal em virtude.

Neste caso, vemos a balança da vida agindo como medida das virtudes, isto é, unicamente de um lado todas as virtudes e todas as graças e de outro lado o que nós fizemos com a nossa conversão. Sendo mais claro, o que nós fizemos com o que recebemos, pois sempre “devemos contribuir antes, já que somos homens com nossa cota de benignidade para com os homens, seja pela viuvez, orfandade ou exílio da pátria ou pela crueldade dos senhores ou insolência dos chefes, seja pela desumanidade”. Assim temos que ver Deus como aquele que quer a salvação de seus filhos e exige que não sejam infiéis, mas radicais na fé com sua realidade.

O que chamo de ruga de conversão é simplesmente pessoas que muito buscaram sua salvação individual na luta comunitária, que passam por muitas experiências de fé; em termos populares podemos repetir a expressão que já usei ‘a balança da salvação’, isto é, Deus é unicamente o técnico que vai regular a balança, onde o resultado dos dons que se viveu será o quanto nós colocamos em prática a favor do outro.

Pois o grande pedido é que não sejamos servos infiéis, que escondem os seus dons. Que não finjam com a velhice o que não viveu, mas que seja uma velhice santa. Nisto percebo o motivo de porquê os santos Padres da Igreja falam que somos a imagem de Deus para o nosso próximo, isto é, saber que falhamos e que cometemos erros em diversos níveis e fatores. Por ser humanos em busca da salvação na proximidade do outro.

 São Leopoldo, 05 de novembro de 2013

Marcos Roberto Kollet